sexta-feira, 30 de maio de 2014

As Duas Naturezas de Cristo: Mais uma Demonstração de Amor por Nós



A tese que irei abordar neste texto foi elaborada no Concílio de Calcedônia no ano 451 d.C. para defender a humanidade e divindade de Cristo. A tese é a seguinte:
Existem duas naturezas em Cristo que são permanentemente distintas e são unidas em uma pessoa”.
O Concílio de Calcedônia foi formulado devido às várias contradições sobre a pessoa de Cristo que surgiram nos primeiros séculos da era Cristã. As três principais controvérsias levantadas era o apoliarianismo, nestorianismo e eutiquianismo. Todas elas tinham em comum a questão da natureza de Cristo. Enquanto um queria separar o que era humano e o que era divino, outro queria excluir a sua natureza humana. Justamente para combater isso e encerrar esse assunto é que foi formulada no Concílio de Calcedônia a tese descrita acima.
Para defender tal proposição a Bíblia deve ser nossa base fundamental, portanto, irei fazer uma defesa retirando da Bíblia o que ela tem a nos dizer sobre o assunto.

domingo, 18 de maio de 2014

A Teologia Dialética de Karl Barth

INTRODUÇÃO
Nesta postagem será abordada a teologia dialética, também chamada de teologia da crise ou da Palavra. Pensamento teológico que nasceu no século XX com o objetivo de ser uma resposta contra o liberalismo teológico. Conforme diz William E. Hordern¹ houve em 1919 uma perturbação em meio o contexto teológico europeu com o aparecimento de um comentário da Carta aos Romanos, escrito por um autor até então desconhecido. Segundo Gibellini², o comentário da Epístola aos Romanos, escrita por um pastor de Safenwil na Argóvia suíça, Karl Barth, fez com que ele recebesse um convite da universidade de Göttingen. Com essa obra, que segundo o teólogo Leonhard Ferndt o teólogo que a ignora é como se vivesse em vão, é que se abrem as portas para a teologia dialética no século XX.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Qual é o padrão: Igrejas em “Células” ou Igrejas em Templos?


Vejo esta pergunta como algo bem pertinente para nosso ambiente religioso e acadêmico. Vemos várias igrejas adotando o método de “igrejas em células” e desprezando as igrejas que se reúnem nos templos, e isso me leva a refletir sobre até onde podemos nos direcionar pelo o que os outros estão fazendo e dando certo em suas igrejas e adotar o mesmo padrão para todas as igrejas. Não vejo nas escrituras o apoio a um método melhor que os outros, por mais que possamos ver um método sendo frutífero para determinada época e cultura, não consigo vê-lo como o padrão, e que, portanto, deve ser usado para todas as épocas e culturas.
Os argumentos que ouvimos nos dias de hoje é de que nós devemos usar o mesmo método que a igreja primitiva usou. O método que vejo no livro de atos são os apóstolos e discípulos pregando o evangelho em demonstração de Espírito e poder a todos que tiverem oportunidade e vivendo em comunidade, amando todos os discípulos como irmãos. Não consigo enxergar outro método mais eficaz! Mas alguns daqueles que levantam a bandeira de um método ideal conseguem enxergar um método, que é o máximo: O MÉTODO EM CÉLULAS.

Análise Bíblica
A partir de agora, parto para uma análise deste método no livro de Atos para conseguir enxergar se temos um método padrão para todas as épocas e culturas ou apenas uma adequação social ou cultural para a igreja de Cristo na era primitiva. Alguns que defendem este método pela bíblia citam as passagens do livro de Atos onde falam a respeito da reunião dos discípulos nas casas, ou em locais onde se reuniam poucas pessoas, dando a entender que este é o método. São citados os textos de Atos 1. 12 - 14; 2. 1 – 2 e Atos 12. 11 – 12. Com a iluminação do Espírito do Senhor irei expor a seguir o que podemos aprender destes textos sobre métodos para igrejas.
Atos 1. 12 – 14 e 2. 1 – 2
Logo no começo do livro de Atos o Senhor fala para os discípulos ficarem em Jerusalém reunidos até receberem o Espírito que Ele lhes prometera (Atos 1: 4). Os discípulos estavam reunidos no cenáculo onde se reuniam a espera da promessa. Mas se analisarmos do ponto de vista social, o porquê deles se reunirem no cenáculo e não no templo de Jerusalém, podemos enxergar de forma clara e simples que eles estavam reunidos no cenáculo por causa da perseguição dos judeus, pois quem iria ficar no templo onde estavam aqueles que mataram o seu Mestre? Pedro já havia negado três vezes que não conhecia a Jesus, e os outros discípulos, segundo a bíblia, diz que fugiram quando os algozes pegaram o Senhor para prendê-lo (Mateus 26: 31, 56 e Marcos 14: 50). Tendo estes casos em mente, será que eles estavam reunidos em um lugar reservado por ser este o método ideal, ou era a circunstância que os obrigou a isso? Acho que não ficam dúvidas em nossa mente quanto a isso! É claro que a circunstância fez com que se reunissem naquele lugar, é óbvio que não era uma super-estratégia.
Atos 12: 11 e 12
            Não gastarei muitos neurônios nesta passagem para mostrar que não existe o método ideal. Aqui vemos os discípulos reunidos orando pela vida de Pedro que estava preso por mandado do Rei Herodes, que quis prender alguns da igreja para maltratá-los e agradar os judeus. O primeiro de sua lista foi Tiago que é morto à espada e o próximo Pedro (Atos 12: 1-2). Essa passagem não quer mostrar que se reunir nas casas dos irmãos é o método ideal para as igrejas hoje, mas nos mostrar que os discípulos se reuniam para orar a Deus mesmo diante da mais alta perseguição.

Análise Teológica
Analisando o livro de atos podemos ver que os discípulos não tinham uma forma específica de se reunirem, mas era de acordo com o contexto em que viviam. Não existe um método mais bíblico que outro, nem melhor, mas varia de acordo com o contexto da comunidade. Poderíamos usar passagens nas escrituras e fazermos um modelo de igreja usando a passagem, por exemplo, de atos 2: 46 e 3: 1. Que fala que os que criam perseveravam unânimes no templo, e Pedro e João iam para o templo na hora da oração. Poderia dizer que é no templo o lugar ideal para a igreja se reunir. Mas nenhum destes dois é um método ideal, vejo que a igreja deve usar o que lhe estiver disponível para fazer com que a mensagem chegue aos não alcançados e consiga viver em comunhão com os irmãos. Não vou e nem é minha intenção entrar em debates a respeito de qual o melhor método de igreja de acordo com os estudos missiológicos. Porém, vejo que muitos confiam em métodos ao invés de confiar em Deus.
A questão maior não é o método, mas Deus que tem poder para salvar o homem que está preso nos seus pecados e sobre a autoridade de Satanás.
            Não quero dizer que igrejas que trabalham em células estão erradas, nem dizer que igrejas que trabalham de forma tradicional estão erradas. Quero afirmar que levantar a bandeira de um método humano (a bíblia não diz como uma igreja deve ser: templo ou células) e dizer que todos deveriam trabalhar da mesma forma, está errado! Também quero dizer que nossa confiança deve estar em Deus, pedir orientação a Ele e agir conforme Ele nos orientar através de Seu Espírito, observar a comunidade que iremos atuar seu contexto social, cultural, religioso e verificar as possibilidades que a igreja tem de atuar de forma mais eficaz naquela comunidade.
 
Conclusão
Podemos concluir que as igrejas que atuam em todos os lugares, seja em templos, casas, colégios, galpões, praças e etc. De acordo com suas possibilidades de atuar de forma mais abrangente e eficaz na comunidade que estão inseridas, são bem mais parecidas com as igrejas neotestamentárias.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Resumo do Livro: O Cristianismo Através dos Séculos - Início e Expansão da Reforma Protestante


Este resumo do livro O Cristianismo Através dos Séculos, de Earle E. Cairns trata do período da Reforma Protestante que abalou o mundo e as estruturas do catolicismo Romano no século XVI. Ler sobre a história da Igreja é importante porque conhecemos os feitos de homens que deram sua vida pela verdade e foram exemplos para a igreja atual, que vive em meio aos problemas semelhantes aos mesmos enfrentados pelos reformadores. O propósito é buscar os acertos e procurar repeti-los e, ao encontrarmos os erros, procurar não cair neles. Além de conhecermos a nossa história, a fim de preservamos nossa identidade cristã.



Início da Reforma e Expansão
Vários fatores contribuíram para a Reforma. A emergência do novo mundo que estava em expansão provocou mudanças geográficas, políticas, econômicas, sociais, intelectuais e religiosas que afetaram todo o mundo e indireta ou diretamente ocasionaram a reforma. Conforme o autor nos mostra, a reforma tem um sentido que é condicionado pela visão do historiador, o historiador católico enxerga como uma revolta contra a igreja universal. Já o protestante como uma reforma da vida religiosa e o secular como um movimento revolucionário. Das várias razões, ele destaca o surgimento de uma política descentralizada, o enriquecimento do papado em detrimento dos países, a renascença, o humanismo, corrupção dos líderes religiosos, e vários outros fatores sociais e religiosos que impulsionaram a reforma. Após nos apresentar uma visão contextual do mundo no período da reforma, o autor começa a nos apresentar os reformadores. Como não poderia ser diferente, o primeiro reformador foi Martinho Lutero na Alemanha. Lemos um pouco sobre sua formação, destacando o modo disciplinado e duro que foi criado tanto pelos pais como pelos seus professores quando criança. Foi à faculdade, aprendeu latim e na faculdade de Erfurt, em 1501, começou a estudar a filosofia de Aristóteles sob a influência de professores humanistas que seguiam ideias de Guilherme Occam. O pai dele queria que ele estudasse direito, mas numa tempestade Lutero prometeu a Santa Ana que se fosse seguro iria se tornar monge. Depois disso, ele entrou num mosteiro e em 1507, foi ordenado e celebrou a primeira missa. Sua luta com a consciência que o acusava dos seus pecados e a ideia da ira de Deus que Lutero tinha o levou a passar por várias crises ao ponto de perder sua paz interior, mas entre 1512 e 1516, quando preparava suas aulas, encontrou a paz interior através do livro de Romanos 1. 17. A partir daí vários conceitos católicos romanos mudaram na visão de Lutero que o fez afixar as 95 teses na porta do castelo de Wittenberg, esse ato deu início a Reforma Protestante e mais tarde, após um debate com John Eck, Lutero foi levado a admitir a falibilidade de um concílio geral e a confessar a sua relutância em aceitar as decisões do papa sem questioná-las, e a validade de muitas ideias de Huss. E em 1520, Leão X lançou uma bula que resultou na excomunhão de Lutero. Do ano 1521 a março de 1522, ele ficou no Castelo de Wartburg, devido a perseguição. Durante esse período, servindo-se da edição do novo testamento grego, feita por Erasmo, traduziu a bíblia para o alemão. Lutero contribuiu com várias outras obras teológicas que serviu de base para a Reforma, teve vários embates com anabatistas, humanistas e até Zwínglio acerca da presença de Cristo na ceia. Em 1546, o Reformador morreu, ficando a liderança do movimento luterano com Melanchton. A Reforma também chegou na Suíça. O autor destaca três tipos de teologia desenvolvidos nos territórios suíços. Os cantões do norte seguiram Zwínglio, os do Sul seguiram Calvino e alguns que tinham trabalhado com Zwínglio, conhecidos como anabatistas seguiram o seu próprio caminho. Começando com Zwínglio, pertencente a primeira geração de reformadores, se formou na universidade de Basiléia em artes, em 1504, recebendo grau de mestre dois anos depois. Serviu ao papado como capelão e fervoroso compatriota. Entre 1516 e 1518, serviu como pastor e começou a e opor a alguns abusos do sistema romano das indulgências e a imagem negra da virgem Maria. Converteu-se em meio a uma epidemia bubônica em 1519 e após declarar que os dízimos não eram uma exigência divina, mas uma questão de voluntariedade, abalou as bases financeiras do sistema romano, levantando a bandeira da Reforma. Após um debate, o conselho da cidade decidiu-se pelos ensinos de Zwínglio e suas ideias ganharam logo condição de legalidade. Em 1527, um sínodo das igrejas evangélicas suíças foi formado e a bíblia traduzida para a língua do povo. Zwínglio morreu combatendo com os seus soldados como capelão. O outro grupo chamado de Anabatistas surgiu primeiro na Suíça devido a liberdade neste país. Temos três principais líderes do movimento, Conrad Grebel, Balthasar Humbmaier e Meno Simons, sendo este último o responsável pela não extinção do movimento. O terceiro grupo e o mais influente reformador foi João Calvino, tanto que o movimento ficou conhecido como calvinismo, e conforme o autor nos mostra, o termo “fé reformada” aplica-se ao sistema de teologia desenvolvido a partir do sistema de Calvino. Dividindo sua vida em dois momentos, temos um estudante distraído, até 1536; de 1536 até 1564 o grande líder de Genebra. Nasceu na França, seu pai era um respeitado cidadão, e isso possibilitou a educação de Calvino através dos benefícios eclesiásticos. Formou-se em direito e adotou as ideias protestantes, convertendo-se entre 1532 e 1533. Sua maior e mais influente obra chama-se Institutas da Religião Cristã, que escreveu quando ainda tinha 26 anos de idade. A sua teologia é resumida no acróstico TELIP (TULIP em inglês), e é permeada pela soberania absoluta de Deus. O autor nos diz que embora a teologia de Calvino se pareça com a de Agostinho, ela se deve mais ao estudo da Bíblia do que Agostinho. Calvino não teria sido o grande reformador se não fosse por Guilherme Farel, que o convenceu a trabalhar a favor da reforma, mesmo Calvino se recusando, Farel insistiu até o jovem Calvino aceitar seu convite. Morreu em 1564, mas suas contribuições foram muitas, desde os escritos ao avanço da democracia. O calvinismo, ou fé reformada ganhou muito espaço durante o século XVI em outras regiões europeias. Começamos pela França, onde iniciou uma irrupção da Reforma através dos escritos de Lutero, mas devido a grande influência de Calvino, o calvinismo foi mais aceito. Na Alemanha o calvinismo foi uma opção para aqueles que haviam se afastado de Lutero, cuja influência calvinista na Alemanha preparou o Catecismo de Heidelberg. Na Hungria o avanço deu-se através de Húngaros que iam estudar em Genebra e Wittenberg e quando voltavam ao seu país, divulgavam a fé reformada o que fez povo húngaro adotar o protestantismo rapidamente. John Knox foi o responsável pela reforma na Escócia. Homem corajoso e muito influenciado por Calvino. Os presbiterianos que colonizaram a Irlanda levaram também a Reforma, mas a Irlanda do Norte permaneceu fiel ao papa. Já na Holanda o Luteranismo não foi bem aceito, mas devido ser mais democrático, o calvinismo lhes interessou e vale lembrar que este foi o único país conquistado pelo protestantismo depois da Contra-Reforma. A Reforma na Inglaterra, o autor trata de forma mais apurada, devido sua enorme extensão. As causas apontadas para a Reforma foram à dominação da igreja romana, o fator intelectual, em especial, os estudos dos humanistas que se voltaram para a Bíblia, e a tradução da Bíblia para a língua inglesa feita por William Tyndale e Miles Coverdale. Mas o fator direto foi o desejo de Henrique VIII de casar-se novamente com Ana e separar-se de Catarina sua esposa. Quando Henrique morreu, Eduardo VI, seu filho, assumiu o trono e intensificou a Reforma na Inglaterra, mas Maria que era católica de coração, foi a responsável por fazer a reação católica. Após veio Elisabeth e conseguiu ter certa moderação quanto a que grupo religioso seguir. Não podemos esquecer que foi na Inglaterra que urgiram os puritanos e separatistas. Os primeiros, não eram dissidentes, mas uma parte da igreja Anglicana que queriam uma igreja presbiteriana. Seu principal defensor foi Thomas Cartwright, professor de teologia em Cambridge. Já o segundo grupo, queriam tornar a igreja congregacional, foram conhecidos como independentes. Henry Jacob um dos seus líderes. Um grupo de separatista, devido a perseguição, emigraram para Amsterdã sob a liderança de John Smith e foram influenciados pelos menonitas. Smith se auto batizou e, em seguida, batizou todos os membros da sua congregação. Mas grande parte deste grupo se juntou aos menonitas e outra parte, sob a liderança de Thomas Helwys retornaram à Inglaterra em 1612 e organizaram a primeira igreja batista inglesa. Batizavam por afusão e seguiam as doutrinas arminianas, por isso ficaram conhecidos como Batistas Gerais. Outro grupo mais forte de batistas calvinistas, que foram chamados de particulares surgiu de um cisma da congregação de Henry Jacob, em Londres, em 1633. Estes sustentavam o batismo de crentes por imersão, e uma teologia calvinista. Esta congregação foi a mais influente do movimento batista inglês, conforme o autor registra.